Sucessão ecológica

A sucessão ecológica é um processo natural de mudança na composição de espécies em uma determinada área ao longo do tempo. Ela ocorre em ambientes que sofreram alguma perturbação, como um incêndio florestal, uma erupção vulcânica ou o abandono de um terreno agrícola. A sucessão ecológica pode ser entendida como uma série de etapas, onde diferentes comunidades de plantas e animais vão se estabelecendo e interagindo até que uma comunidade estável e equilibrada seja formada. Esse processo pode levar de décadas a séculos para ser concluído, e é influenciado por fatores como o clima, a topografia, o solo e as interações entre as espécies. A compreensão da sucessão ecológica é importante para a conservação e restauração de ecossistemas, pois permite o planejamento de ações que visem a acelerar ou orientar esse processo de forma mais eficiente e sustentável. 

Etapas da sucessão ecológica

Após a erupção vulcânica na ilha de Krakatoa, nenhum ser vivo restou e a área ficou completamente desabitada. As condições para a sobrevivência de animais e vegetais eram extremamente desfavoráveis devido à iluminação direta que provocava altas temperaturas, dificultando a fixação dos vegetais na rocha e fazendo com que toda a água da chuva escorresse ou evaporasse.

Apesar dessas condições inóspitas, é possível que líquens, trazidos pelo vento, se instalem no ambiente. Eles apresentam uma grande capacidade de retenção de água e são relativamente autossuficientes, realizando fotossíntese e fixando nitrogênio atmosférico. Com isso, podem viver apenas com água, ar e alguns sais minerais.

As primeiras espécies a se instalarem em um ambiente sem vida são chamadas de espécies pioneiras e o conjunto de espécies pioneiras que coloniza um ambiente forma uma comunidade pioneira. A comunidade pioneira modifica as condições iniciais da região ao longo do tempo. Por exemplo, os líquens produzem ácidos que dissolvem partes da rocha e se formam fendas onde se acumulam líquens mortos, excretas de fungos e minerais das rochas. Com isso, forma-se um solo no local.

À medida que morrem, os seres pioneiros enriquecem o solo com matéria orgânica em decomposição (húmus). Desse modo, o terreno fica mais rico em sais minerais e mantém melhor a umidade. Essas novas condições possibilitam a instalação de plantas de pequeno porte, que necessitam de poucos nutrientes para crescer e atingem rapidamente o período reprodutivo. É o caso, por exemplo, dos musgos, cujos esporos podem ser trazidos pelo vento ou pela água. Com o crescimento da população de musgos, aumentam a umidade no local e a camada de solo, melhorando as condições para a instalação e sobrevivência de plantas herbáceas. O aumento de matéria orgânica possibilita a vida de minhocas e outros animais. Isso leva a novas modificações ambientais, que favorecem o desenvolvimento de plantas maiores e, aos poucos, mais animais também se estabelecem no local.

Assim, a partir da instalação das espécies pioneiras, a comunidade passa por diversas mudanças. Essa modificação da estrutura da comunidade ao longo do tempo é denominada sucessão ecológica. Em alguns casos, pode-se chegar a uma comunidade relativamente estável em equilíbrio com o ambiente físico, chamada comunidade clímax ou comunidade madura (para as etapas anteriores da sucessão). No entanto, essa estabilidade é relativa e poderá nunca ser alcançada se ocorrerem alterações frequentes no ambiente, como queimadas, furacões ou outros fatores.

Ao longo da sucessão ecológica, em geral, ocorre um aumento da biomassa total e um aumento progressivo da biodiversidade. Novas espécies chegam, novos nichos ecológicos

Sucessão primária e secundária

A sucessão primária ocorre em regiões sem vida, como terrenos cobertos por lava, ilhas vulcânicas e duna de areia em formação, ou em áreas onde a vegetação foi completamente ou parcialmente removida, como em matas destruídas por incêndios, plantações abandonadas, lagos que secaram ou às margens de estradas. O solo nessas áreas não é destruído, persistindo sementes ou esporos que permitem o início da sucessão ecológica. No Cerrado, por exemplo, as regiões afetadas por incêndios são prontamente recompostas pela sucessão ecológica.

Já a sucessão secundária ocorre em locais habitados que sofreram mudanças ambientais, causadas ou não pelo ser humano. Esse processo pode levar muito tempo. Em 2007, um estudo brasileiro publicado na revista Nature mostrou que são necessários pelo menos 70 anos para que uma floresta desmatada para uso agrícola recupere o nível de nitrogênio do solo, um fator limitante para o crescimento da floresta. Apesar da recuperação, a vegetação formada é menos diversificada que a original e apenas cerca de 70% da biomassa original é recuperada.