Todos os seres vivo precisam gerar descendentes para que possam dar continuidade a existência de suas populações. O mecanismo que possibilita a manutenção do número de indivíduo das espécies denomina-se reprodução. A fim de se reproduzirem, os seres vivos competem entre si e enfrentam condições extremas impostas pelo ambiente que podem provocar sua morte. Essa luta para se manter vivo aumenta as chances de um individuo conseguir se reproduzir. Assim, aqueles que conseguem se reproduzir deixam seus fenótipos, que contém as características mais favoráveis a sobrevivência, para a próxima geração de sua espécie.
Como os animais e plantas se reproduzem?
Todos os seres vivos se reproduzem da mesma forma?
Quais os tipos de reprodução que existem?
As bactérias se reproduzem igual aos animais?
Como os vírus se reproduzem?
Todos os seres vivos tem órgãos sexuais?
Existem apenas dois mecanismos reprodutivos, assexuados e sexuados:
Na reprodução assexuada, um indivíduo de uma espécie pode se reproduzir sem a necessidade de outro indivíduo da mesma espécie. Por isso, a reprodução assexuada deixa descendentes geneticamente idênticos ao progenitor do material genético. A maioria dos organismos que se reproduzem de forma assexuada são os unicelulares, no entanto existe algumas espécies de organismos pluricelulares que se reproduzem de forma assexuada também.
Na reprodução sexuada, requer a interação sexual de dois indivíduos da mesma espécie. Cada um desses indivíduos carregam células especializadas chamadas gametas. Os gametas que contêm metade do número de cromossomos de células normais, quando o gameta masculino fecundo o gameta feminino da origem ao zigoto. O zigoto é uma célula que contém o material genético dos gametas masculinos feminino misturado. Devido a mistura do material genético o descendente irá conter um fenótipo diferente dos progenitores.
A reprodução assexuada é um tipo de reprodução que não envolve a fusão de gametas ou mudança no número de cromossomos. A prole que surge por reprodução assexuada de organismos unicelulares ou multicelulares herdam o conjunto completo de genes de seu único progenitor. A reprodução assexuada é a principal forma de reprodução de organismos unicelulares, como arquéias e bactérias. Muitos organismos eucarióticos, incluindo plantas, animais e fungos, também podem se reproduzir assexuadamente. Em vertebrados, a forma mais comum de reprodução assexuada é a partenogênese, e nas plantas á a apomixia, a seguir iremos ver alguns outros modos de reprodução asexuada.
Antes de conhecermos os diferentes tipo de reprodução assexuada precisamos relembrar sobre a mitose, pois é através da mitose que todos os mecanismos de reprodução assexuado ocorrem. Na biologia celular, a mitose (divisão do núcleo) é uma parte do ciclo celular em que os cromossomos replicados são separados em um novo núcleo. A divisão celular por mitose dá origem a células geneticamente idênticas nas quais o número total de cromossomos é mantido.
Agora vamos aos diferentes mecanismos da reprodução sexuada.
Fissão binaria - é a divisão de um único organismo em dois, e a regeneração desses indivíduos. Os organismos que se reproduzem através deste mecanismo são os que pertencem aos domínios Bacteria e Archea. Algumas organelas, que ficam dentro de células, também se reproduzem através da fissão binaria. Esta forma de reprodução da origem a um individuo idêntico ao progenitor genético, exceto quando ha erros durante a duplicação, cópia, do DNA. Neste caso o individuo que se originou do progenitor sera um pouco diferente geneticamente do progenitor.
Fissão múltipla - é a divisão de um único individuo, em mais de dois indivíduos. Este mecanismo de reprodução assexuado é observado no filo Apicomplexa, alguns tipos de bactérias e nas Algas.
Esporulação - o organismo que se reproduz através da esporulação necessita produzir uma célula especializada denominada esporângio, através da mitose o DNA do esporângio é replicado e da origem ao endósporo. O endósporo é uma célula reprodutiva que contém núcleo, cortex, um tecido de esporos e uma proteção para estes esporos, toda esta estrutura, ainda, esta dentro do esporângio. Quando o endósporo esta pronto ele migra para fora do esporângio, assim, ficando exposto ao ambiente. No entanto alguns seres vivo produzem esporos por meio da mitose e meiose, sendo ambos os processos nescesssarios para completar o ciclo de vida de tais seres.
Brotamento - é a formação de um novo individuo a partir de uma gema que se desenvolve no individuo progenitor dos genes, quando o broto se completa ele se desprende do progenitor, passa a viver no ambiente de forma independente do progenitor.
Fragmentação - é uma forma de reprodução em que um novo organismo cresce a partir de um fragmento do progenitor. Cada fragmento se desenvolve em um indivíduo maduro e totalmente independente do progenitor. Os animais que se reproduzem desta forma são as planárias, muitos vermes anelídeos, incluindo poliquetas e alguns oligoquetas, turbelários e estrelas do mar. Algumas plantas têm estruturas especializadas para a reprodução por meio de fragmentação, como as gemas em plantas hepáticas. A maioria dos líquenes, que são uma união simbiótica de um fungo e cianobactérias, se reproduz por fragmentação para garantir que novos indivíduos contenham ambos os simbiontes.
Existem duas formas de fragmentação: arquitomia e paratomia. Os animais que utilizam o mecanismo de paratomia, a parte que se separou não contém todos os órgãos, estes serão regenerados posteriormente durante o desenvolvimento da parte separada. Enquanto os animais que utilizam o mecanismo arquitomia, os órgão são precedidos durante o processo de regeneração, assim a parte separada ja contém os órgãos.
Vegetativa - As plantas podem se reproduzir de forma sexuada e assexuada, aqui vamos falar sobre a assexuada. A reprodução vegetativa é quando alguma parte da planta da origem a um novo individuo, sem a presença de gametas. Um exemplo de reprodução vegetativa nas plantas é através do rizoma. O rizoma é um tipo de caule, geralmente subterrâneo, que pode se separar da planta e dar origem a uma nova planta. Um exemplo comum que se reproduz por rizoma é o gengibre. Outras partes das plantas, como as raízes, os tubérculos, e até mesmo as folhas, podem se diferenciar, e dar origem a um novo individuo.
Agamogênese - é qualquer forma de reprodução que não envolva um gameta masculino. Podemos dividir agamogênese em partenogênese e apomixia
Partenogênese - o óvulo não fertilizado se desenvolve em um novo indivíduo. A partenogênese ocorre na natureza em muitos invertebrados (por exemplo, pulgas d'água, rotíferos, pulgões, bichos-pau, algumas formigas, abelhas e vespas parasitas) e vertebrados (principalmente répteis, anfíbios e peixes). Os organismos partenogenéticos podem ser divididos em duas categorias principais: facultativos e obrigatórios.
Na partenogênese facultativa, as fêmeas podem se reproduzir sexualmente e assexuadamente. Por causa das muitas vantagens da reprodução sexuada, a maioria dos partenotes facultativos apenas se reproduzem assexuadamente quando forçados. Isso geralmente ocorre em casos em que se torna difícil encontrar um parceiro.
Na partenogênese obrigatória, as fêmeas só se reproduzem assexuadamente. Um exemplo disso é o lagarto Aspidocelis uniparens, um híbrido de duas outras espécies. Normalmente os híbridos são inférteis, mas por meio da partenogênese esta espécie foi capaz de desenvolver populações estáveis.
Apomixia - nas plantas é a formação de um novo esporófito sem fertilização. Um exemplo de planta apomítica seria o dente-de-leão triploide. A apomixia ocorre principalmente em duas formas: Na apomixia gametofítica, o embrião surge de um ovo não fertilizado dentro de um saco embrionário diploide que foi formado sem completar a meiose. Na embrionia nucelar, o embrião é formado a partir do tecido do núcleo diploide que envolve o saco embrionário.
Ainda que a reprodução assexuada não envolva fecundação, existe mecanismos que possibilita a mistura do DNA de seres vivos procariotos, estes se reproduzem apenas de forma assexuada. Os mecanismos de transferência lateral de genes, como conjugação, transformação e transdução, podem ser comparados à reprodução sexuada no sentido de mistura dos genes.
A reprodução sexuada é um tipo de reprodução que envolve um ciclo de vida complexo no qual um gameta (gameta é uma célula especializada que contém apenas um cromossomo, denominado haploide) fecunda outro gameta para produzir células com dois cromossomos (diploide). A reprodução sexual é o ciclo de vida mais comum em eucariotos multicelulares, como animais, fungos e plantas. A reprodução sexuada ocorre através dos mecanismos da meiose.
Rapidamente, vamos relembrar o que é a meiose celular: na produção de células sexuais em eucariotos, as células diploidies se dividem para produzir células haploides conhecidas como gametas em um processo chamado meiose. Quando uma célula masculina fecunda uma célula feminina acontece uma recombinação genética entre os genes das duas células, dando origem ao zigoto. O zigoto irá se multiplicar através da meiose até dar origem a mórula, as células que compõem a mórula, por sua vez, irão se diferenciar dando origem aos folhetos embrionários. A recombinação genética é a troca de material genético entre diferentes indivíduos que leva à produção de descendentes com combinações de características que diferem daquelas encontradas em qualquer um dos pais.
Para que os gametas sejam fecundados, primeiro, eles precisam ser produzidos. Os gametas são produzidos em processo denominado gametogênese, que ocorre nas gônodas. Os gametas masculinos são produzidos por espermatogênese e os femininos são produzidos por ovogênese. A espermatogênese e a ovogênese são semelhantes e podem ser divididas, basicamente, em três fases: germinativa, crescimento e maturação. Na espermatogênese ocorre ainda a fase de especialização. A espermatogênese e a ovogênese descritas aqui é o processo de formaçaõ de gametas em espécies de mampiferos.
Gametosenese
A fase de multiplicação começa no testículo do embrião. Nessa etapa, células embrionárias, chamadas células germinativas, multiplicam-se e originam espermatogônias, que dividem-se por mitose. Uma parte das espermatogônias continua se multiplicando; outras entram na fase de crescimento e se tornam espermatócitos primários. Estes sofrem a primeira divisão da meiose e originam duas células haploides, os espermatócitos secundários, que sofrem a segunda divisão da meiose, formando quatro células haploides: as espermátides. As duas divisões compõem a fase de maturação. As espermátides não se dividem mais e começam a se transformar em espermatozoides: é a fase de especialização. Nesse processo, elas perdem grande parte do citoplasma e desenvolvem, a partir do centríolo, um flagelo. Essas transformações produzem células leves e móveis, capazes de se deslocar em direção ao óvulo. As mitocôndrias agrupam-se no início da cauda e encarregam-se de fornecer energia para o movimento.
Ovogenese
Na fase embrionária, as células germinativas primordiais multiplicam-se e originam ovogônias, que dividem-se por mitose. Parte dessas ovogônias cresce e se torna o ovócito I. Um ovócito I fica paralisado na prófase da primeira divisão da meiose. Na puberdade, uma vez por mês, um ovócito completa a primeira divisão da meiose, originando duas células haploides: o ovócito II e o primeiro glóbulo polar, que se degenera em seguida. A segunda divisão da meiose só se completa se o espermatozoide penetrar no ovócito II. Se isso ocorrer, o ovócito II completa a segunda divisão da meiose e origina um óvulo e um segundo glóbulo polar, que também degenera Na maioria das células os cromossomos se posicionam no centro da célula para dar inicio a meiose, no entanto na ovogênese os cromossomos se posicionam proxio a parece celular, o que leva a meiose dar origem a celulas com tamanhos diferentes, estas são denominadas glóbulo polar. Isto ocorre para que o ovócito II fique com a maior parte do citoplasma.
Autofecundação - Algumas espécies tem a capacidade de produzir ambos os gametas em um mesmo individuo, mas precisam de outro individuo da mesma espécie para gerar a fecundação e dar origem ao zigoto. Raras ocasiões terminam em auto fecundação nesses organismos, uma vez que eles tem meios para evitar a autofecundação, seja no tempo, no espaço ou mesmo por meios químicos. Pore exemplo, uma espécie de árvore monoica, produz os gametas masculinos durante a noite, enquanto o femininos são produzidos durante o dia. Desta forma os gametas nunca estão prontos ao mesmo tempo. Os seres vivos que conseguem produzir ambos os gametas são chamado de monoicos, por produzir ambos os gametas em um único individuo.
Fecundação cruzada - Os animais e plantas que precisam de dois indivíduos adultos para produzir os gametas masculinos e femininos, um em cada individuo, são chamados de diocos. Exemplos de animais diocos são os mamíferos.
Fecundação interna - Os gametas podem ser fecundados, para dar origem ao zigoto, dentro do individuo, como no caso dos animais placentários ou das aves. Este tipo de fecundação é chamado de fecundação interna, pois o gameta masculino fecunda o gameta feminino enquanto, este ultimo, esta dentro do corpo do individuo adulto.
Fecundação externa - Ainda, os gametas podem ser fecundados fora do corpo do individuo, como no caso dos anfíbio, dos peixes e insetos, esta forma de fecundação é denominada fecundação externa. Na fecundação externa o individuo masculino adulto estimula o indivíduos feminino adulto a depositar seus ovos sobre alguma superfície ou, no caso dos anfíbios diretamente na água, em seguida o masculino deposita seus espermatozoides para fecundar os ovos que estão expostos ao ambiente.
Quando a fecundação é interna o desenvolvimento da prole é direta, ou seja, o filhote recém-nascido tem a forma completa do individuo adulto. Por exemplo, quando, nós Homo sapiens, temos filhos o bebê sai da placenta contendo braços, pernas, órgão internos, órgão dos sentidos iguais aos dos pais, apenas irão se desenvolver ao longo do tempo. Enquanto que os animais que tem fecundação externa tem um desenvolvimento indireto, ou seja, o filhote-recém nascido não tem a mesma forma que os progenitores, o recém nascido sai do ovulo em forma larval que irá passar por metamorfoses até que atinja sua forma adulta. Um exemplo deste tipo de desenvolvimento são as borboletas, que saem do ovulo na forma de lagartas, depois se encasulam e, por fim, se transforma em borboleta. Alguns animais pertencentes ao filo dos Chordados também passam por metamorfose, com alguns peixes (ósseos e cartilaginoso) e os anfíbios (rãs, sapos, salamandras e cobras-cegas).
Na puberdade, o corpo passa por transformações. Nos meninos, ela geralmente começa entre 9 e 14 anos. Entre outras mudanças, os órgãos genitais crescem, a musculatura se desenvolve, aparece a barba e os pelos nas axilas e na região púbica, o crescimento se acelera e inicia-se a produção de espermatozoides.
Nas meninas, a puberdade geralmente começa entre 8 e 13 anos. Os seios aumentam, surgem pelos nas axilas e na região púbica, o ritmo de crescimento se acelera e ocorre a primeira ovulação (liberação de um ovócito secundário na tuba uterina) e a menstruação.
Essas mudanças são controladas por hormônios, que são substâncias químicas lançadas no sangue por certas glândulas do corpo, chamadas glândulas endócrinas. Para entender como o sistema genital funciona, é importante saber que essas transformações são controladas pela glândula hipófise e pelos hormônios produzidos nos testículos e ovários.
No embrião humano, os testículos estão localizados no interior da cavidade abdominal, próximo aos rins. Antes do nascimento, eles saem dessa cavidade e se alojam no escroto. Isso favorece a espermatogênese, que normalmente ocorre em temperaturas mais baixas do que no interior da cavidade abdominal. No escroto, a temperatura é 1 °C a 2 °C mais baixa que a temperatura corporal.
Nos testículos, existem cerca de mil pequenos tubos enovelados, chamados túbulos seminíferos, nos quais, a partir da puberdade, são produzidos os espermatozoides. Estes recebem nutrientes de células chamadas epiteliócitos sustentadores. O termo epiteliócito refere-se ao fato de que essas são células epiteliais, um tecido que você vai estudar adiante (essas células eram chamadas de células de Sertoli). Entre esses tubos estão as células intersticiais, que produzem testosterona, hormônio responsável pelas características sexuais secundárias, como o aparecimento de pelos nas axilas e no púbis e da barba.
Dos túbulos seminíferos, os espermatozoides são transportados através dos ductos eferentes para outro tubo, no qual adquirem mobilidade. De cada epidídimo sai um ducto deferente, que se une ao ducto da glândula (ou vesícula) seminal, formando o ducto ejaculatório e desembocando na uretra. Os espermatozoides ficam armazenados no epidídimo e nos ductos deferentes até serem ejaculados.
Além desse conjunto de tubos, o sistema genital masculino possui glândulas anexas: as glândulas seminais, a glândula prostática (ou próstata) e as glândulas bulbouretrais. Com os espermatozoides, as secreções dessas glândulas formam o sêmen ou esperma (os espermatozoides formam uma parte pequena - menos de 10% - do volume total do esperma).
A secreção das vesículas seminais e da próstata contém substâncias nutritivas, que facilitam a sobrevivência do espermatozoide durante sua viagem em direção ao ovócito II. Uma dessas substâncias é a frutose, que serve de fonte de energia para os movimentos da cauda. Essas glândulas produzem um líquido alcalino, que neutraliza a acidez da uretra e das secreções vaginais. Embora ajude a destruir bactérias causadoras de doenças, essa acidez prejudica o movimento dos espermatozoides. As glândulas bulbouretrais produzem um líquido que também ajuda a neutralizar a acidez da uretra.
Pelo sêmen, também são eliminados linfócitos (a presença dessas células com o vírus da Aids explica por que ele pode ser transmitido pelo sêmen). A uretra passa por dentro do pênis, que possui tecidos esponjosos ricos em vasos sanguíneos, os corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Durante a excitação sexual, estímulos nervosos vindos do sistema nervoso parassimpático fazem com que as artérias do pênis se dilatem, acumulando sangue nesses tecidos e comprimindo as veias, o que obstrui o retorno do sangue. O resultado é a ereção: aumento do volume e enrijecimento do pênis.
Durante o ato sexual, quando os estímulos se tornam suficientemente intensos, ocorrem contrações dos músculos lisos do epidídimo, do canal deferente, da uretra e das glândulas anexas, e o sêmen é lançado para o exterior (ejaculação, acompanhada de sensações agradáveis, o orgasmo). Em cada ejaculação, são expulsos, em média, de 2,5 mililitros a 5 mililitros de esperma, que contém de 50 a 150 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen.
Cada espermatozoide mede em torno de 2,7 milésimos de milímetro e se desloca da vagina até as tubas uterinas, nas quais se dará o encontro com o ovócito II. Apenas cerca de cem espermatozoides chegam próximos ao ovócito (que tem um volume mais de 80 mil vezes maior que o do espermatozoide), e apenas um o fecundará e unirá seu núcleo ao dele, formando a célula-ovo ou zigoto.
Durante a puberdade, os testículos são estimulados pelos hormônios folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH), produzidos pela hipófise. O FSH estimula os epiteliócitos sustentadores e a espermatogênese. O LH (também chamado no homem hormônio estimulador das células intersticiais, ICSH) estimula essas células a secretar testosterona, que reforça a ação do FSH na espermatogênese e determina o desenvolvimento dos órgãos genitais (caracteres sexuais primários), a descida dos testículos para o escroto e as características sexuais secundárias, que diferenciam os homens das mulheres, como a distribuição dos pelos (maior quantidade na face e no peito, por exemplo), o tom da voz e o desenvolvimento muscular e ósseo.
O sistema genital feminino é formado por um par de ovários, que produzem hormônios sexuais femininos e ovócitos, e um par de tubas uterinas (anteriormente chamadas trompas de Falópio), que desembocam no útero, órgão muscular e oco que aloja o embrião durante a gravidez. O útero tem o formato de uma pera invertida, com 7,5 centímetros de comprimento e 5 centímetros de largura (durante a gravidez, aumenta muito de tamanho, chegando a ter 35 centímetros de comprimento). Dele sai a vagina, que se abre nos órgãos genitais externos. A vagina recebe o pênis durante o ato sexual e é através dela que o bebê sai no momento do parto. A abertura da vagina e da uretra é protegida por dobras de pele e pelos lábios maiores e menores (dobras de pele e mucosa). Um pouco acima do orifício da uretra está o clitóris, pequeno órgão formado pela união da parte de cima dos pequenos lábios, que, por possuir muitas terminações nervosas, é muito sensível a estímulos, além de apresentar tecidos que se enchem de sangue durante a excitação sexual.
Em mulheres virgens, fechando parcialmente a abertura da vagina, há uma membrana perfurada (hímen), que, em geral, se rompe no primeiro ato sexual (algumas mulheres têm hímen complacente, que possui uma abertura grande e pode não se romper com a penetração do pênis). Na parede vaginal, abrem-se os ductos das glândulas vestibulares maiores (ou de Bartholin). Sob a ação de estímulos sexuais, essas glândulas produzem um líquido que lubrifica a vagina.
Os espermatozoides depositados na vagina nadam pelo útero até a parte superior das tubas, onde ocorre a fecundação. A tuba é revestida por células com cílios, cujos movimentos, juntamente com contrações musculares, levam o zigoto em direção ao útero. Durante essa viagem, que dura cerca de três dias, o zigoto sofre mitoses, de modo que, ao chegar ao útero, já se encontra na forma de uma pequena esfera com 12 a 16 células. Cerca de uma semana após a fecundação, formado por cerca de 70 a 100 células, começa o processo de implantação no útero (nidação) e inicia-se a gravidez.
Os ovários de uma bebê menina começam a funcionar já na fase embrionária, estimulados pelo hormônio gonadotrofina (trophein = nutrição) coriônica humana (hCG), produzido pela placenta e similar ao LH. Por ocasião do nascimento, há, em cada ovário, cerca de 1 milhão de “cachos” de células, os folículos ovarianos. A maior parte deles, porém, degenera, e na época da puberdade há apenas cerca de 300 mil folículos. Em cada folículo, há um ovócito primário paralisado no início da primeira divisão da meiose. Na puberdade, a meiose continua e, em cada ciclo menstrual, a primeira divisão da meiose se completa, e um ovócito secundário é lançado na tuba uterina. O processo continua até a menopausa, que é a interrupção da ovulação e da menstruação, quando todos os folículos degeneram.
De forma resumida, podemos dizer que, uma vez por mês, em média, o ovário lança um ovócito II na tuba uterina (ovulação), e o útero prepara-se para receber um embrião. Se houver fecundação, o embrião se implantará e crescerá no útero. Caso não haja, o ovócito II degenera, e a parte interna do útero desmancha-se e é eliminada pela vagina (menstruação). Essa série de acontecimentos no ovário e no útero é controlada pelos hormônios FSH e LH e constitui o ciclo menstrual, que se divide em três fases:
Fase proliferativa: Nesta etapa, o folículo ovariano cresce e prepara-se para a ovulação. Esse crescimento é provocado pelo FSH e, à medida que cresce, o folículo produz estrogênios (ou estrógenos, grupo de hormônios sexuais femininos, dos quais o mais importante é o estradiol). Por isso, essa fase é também chamada estrogênica. Esses hormônios provocam o crescimento do endométrio, membrana que forra o útero e na qual o embrião se fixará e crescerá. O útero é formado por uma camada de tecido epitelial, com glândulas produtoras de muco, e fica apoiado em tecido conjuntivo.
Em geral, apenas um folículo ovariano termina seu crescimento (apesar de diversos serem estimulados) e acumula um líquido em seu interior. O ovócito primário termina a primeira divisão da meiose ao mesmo tempo que o folículo crescido se rompe, lançando o ovócito secundário na tuba uterina. Com isso, termina a primeira fase do ciclo menstrual.
Fase secretória: Sob ação do LH, o folículo rompido transforma-se em uma glândula, o corpo lúteo, que secreta estrogênios e progesterona, o principal hormônio do grupo das progestinas. A progesterona estimula o desenvolvimento dos vasos sanguíneos e das glândulas do endométrio, que se torna espesso, vascularizado e cheio de secreções nutritivas.
Fase menstrual: Se não ocorrer fecundação até cerca de 14 dias depois da ovulação e, portanto, não chegar nenhum embrião no útero até esse dia, o corpo lúteo degenera ao longo da segunda fase do ciclo e transforma-se em uma "cicatriz" (corpo albicante ou albicans; albus = branco), deixando de produzir progesterona e estrogênios. A queda daquele hormônio provoca a degeneração e a eliminação parcial do endométrio (menstruação, que dura de três a sete dias). Por convenção, considera-se o primeiro dia de menstruação o início do ciclo menstrual.
Na primeira metade do ciclo, um novo folículo é estimulado pelo FSH e começa a crescer, produzindo estrogênios, cuja concentração aumenta gradativamente e inibe (controle por feedback) a produção de FSH e LH. No entanto, no meio do ciclo, a alta taxa de estrogênios passa a ter efeito contrário, estimulando a produção de LH e, em menor grau, de FSH por meio de um feedback positivo. Observe na figura 16.16, abaixo, que, logo após o pico de estrogênios, há um pico de LH e de FSH. Com o LH alto (perto do 14º dia), ocorre a ovulação. Assim, é o LH que provoca a ovulação e a formação do corpo lúteo.
Após o pico de LH e da ovulação, a taxa de estrogênio cai. O corpo lúteo começa a secretar progesterona, e a taxa desse hormônio aumenta. A concentração elevada de progesterona, associada a um pouco de estrogênio, inibe a produção de FSH e LH. Com a queda da concentração de LH, o corpo lúteo tende a regredir, e as concentrações de estrogênio e progesterona diminuem, provocando a menstruação e o desbloqueio da hipófise, iniciando-se um novo ciclo.
O ovócito II pode ser fecundado em um período de 24 a 36 horas após ter sido eliminado do ovário. Alguns espermatozoides podem permanecer vivos no sistema genital feminino por 72 horas (ou mais). Assim, uma mulher pode engravidar se tiver uma relação 72 horas antes da ovulação e até 36 horas depois.
Como a ovulação ocorre de 13 a 15 dias antes da próxima menstruação, o período fértil está, portanto, perto do meio do ciclo. O período estéril está próximo ao início e ao fim do ciclo. É preciso lembrar, no entanto, que a duração do ciclo é variável, podendo oscilar entre 21 e 35 dias, o que torna difícil prever o período fértil.
Em caso de gravidez, a placenta produz o hormônio hCG, que mantém o corpo lúteo ativo e impede que haja menstruação e ovulação. A detecção desse hormônio na urina ou no sangue serve como método para identificar a gravidez. Os testes de gravidez comprados em farmácias detectam o hCG na urina, em geral, 14 dias depois da concepção, mas não são infalíveis. Por isso, qualquer que seja o resultado, deve-se entrar em contato com o médico, que indicará um teste mais preciso.
A partir do terceiro mês, com a produção de progesterona e estrogênios pela placenta, o corpo lúteo degenera, e o processo torna-se independente do ovário.
O fato de a menstruação não ocorrer no fim do ciclo pode indicar gravidez. Mas também pode ser apenas um atraso causado por algum problema. Por isso, é preciso que o médico realize exames de sangue para verificar se a mulher está de fato grávida. Esses exames são mais confiáveis que os testes de gravidez comprados em farmácia, que detectam a presença de um hormônio na urina, em geral, 14 dias após a fecundação
O nascimento de um filho traz muitas responsabilidades para as quais o casal nem sempre está preparado. Essa falta de preparo é comum, principalmente, entre os adolescentes, que devem se lembrar de que a gravidez e os cuidados com o bebê vão ocupar parte do tempo que eles poderiam dedicar aos estudos ou ao início da carreira profissional.
Há vários métodos para evitar a gravidez, mas antes o casal deve consultar um médico, pois alguns podem trazer riscos à saúde.
Camisinha: O preservativo masculino (camisinha masculina) é uma membrana de borracha fina, que deve ser colocada no pênis ereto antes da penetração. A feminina é um tubo de poliuretano (plástico macio e flexível), que se encaixa na vagina. Para colocá-la corretamente, é preciso ler as instruções na embalagem. Também pode ser conveniente procurar a orientação do médico em caso de dúvidas. As camisinhas retêm o esperma ejaculado durante a relação sexual, impedindo a fecundação. Além disso, protegem contra muitas doenças sexualmente transmissíveis, até mesmo a Aids. A proteção, no entanto, não é completa: o uso inadequado pode rasgar a camisinha ou fazer o esperma vazar. O vazamento ocorre se ela for tirada depois que o pênis estiver flácido ou se for tirada sem cuidados. Se isso acontecer, o fato deve ser comunicado ao médico o mais rápido possível. Existem à venda muitos produtos que são usados com a camisinha, como o creme ou gel lubrificante, que facilita a penetração do pênis na vagina, e os espermicidas, que destroem os espermatozoides e aumentam a eficiência da camisinha. Há também camisinhas que já vêm lubrificadas. No entanto, os espermicidas têm eficácia muito baixa quando usados isoladamente. Por isso, devem ser usados sempre com a camisinha (ou com o diafragma, outro método contraceptivo). Não se deve usar o preservativo feminino e o masculino ao mesmo tempo, pois eles podem grudar um no outro e sair do lugar. A maior vantagem da camisinha sobre os demais métodos anticoncepcionais é que ela protege também contra doenças sexualmente transmissíveis.
Método de abstinência periódica: Consiste em evitar relações sexuais durante o período fértil. Para isso, a mulher precisa descobrir quando ele ocorre (em geral 14 dias antes da menstruação). Como o ciclo pode variar, é necessário determinar o dia da ovulação pelo acompanhamento diário da temperatura corporal ao acordar e do aspecto da secreção vaginal. Na época da ovulação, a temperatura aumenta cerca de 0,5 °C, e a secreção vaginal fica pegajosa, parecida com clara de ovo. Para não engravidar, a mulher deve ter relação sexual 48 horas depois do dia da ovulação. Apesar de não ter efeitos colaterais para a saúde da mulher, em geral esse método apresenta baixa eficácia e é necessária uma orientação detalhada do médico e muito treinamento, disciplina e motivação por parte do casal.
Métodos hormonais: O principal método hormonal é a pílula anticoncepcional, geralmente com uma mistura de derivados sintéticos de estrogênios e progesterona, que inibem o aumento de LH (responsável pela ovulação). É um método muito eficiente; se for usado corretamente, o índice de falha é muito baixo. Mas a pílula deve ser sempre indicada por um médico, pois pode haver efeitos colaterais e nem todas as mulheres podem tomá-la. Os hormônios de efeito prolongado baseiam-se no mesmo princípio da pílula. São aplicadas injeções desses hormônios mensalmente, ou a cada dois ou três meses; podem também ser implantados sob a pele do braço pequenos tubos de plástico que liberam hormônios no sangue durante cerca de três anos. Há ainda o adesivo transdérmico, que libera hormônios na pele e deve ser trocado semanalmente. O índice de falhas desses métodos também é muito baixo. Da mesma forma, é necessário acompanhamento médico. A minipílula contém apenas um hormônio, semelhante à progesterona. É menos eficiente que a pílula combinada, sendo indicada especialmente para mulheres que apresentam problemas com a pílula comum ou que estão amamentando. Mas é necessário tomar os mesmos cuidados.
Dispositivo intrauterino (DIU): Trata-se de uma pequena peça de plástico revestida de cobre, colocada no útero pelo médico. Este deve ser consultado periodicamente para verificar se o dispositivo está bem adaptado. Sua remoção também deve ser feita pelo médico. O cobre destrói parte dos espermatozoides e impede que outros cheguem ao ovócito e o fecundem. Caso haja fecundação, o DIU impedirá que o embrião se fixe no útero. É um método eficaz, mas podem ocorrer cólicas, dores e sangramentos. Às vezes, o organismo expulsa o DIU. Existe também maior risco de infecções que, se não forem logo tratadas, podem provocar esterilidade. O DIU não pode ser usado diante de suspeita de gravidez ou de gravidez confirmada, na presença de tumores no útero ou se houver sangramentos vaginais de causa desconhecida. Por isso, é necessário consultar o médico periodicamente para verificar se não há problemas. Há ainda um DIU que libera um hormônio sintético, semelhante à progesterona.
Diafragma: Trata-se de um capuz de borracha flexível, que deve ser colocado na entrada do útero antes da relação sexual, bloqueando a passagem dos espermatozoides. O tamanho correto do diafragma é determinado pelo médico. Para aumentar sua eficiência, deve-se lubrificar as bordas com gel espermicida e só retirá-lo no mínimo seis horas depois do ato sexual, mas não mais de um dia, pois há risco de infecções. Se a mulher tiver outra relação duas horas depois, deve aplicar um pouco mais de espermicida na vagina, sem tirar o diafragma, pois o produto perde a eficiência com o tempo. Depois de usado, deve ser lavado com água e sabão neutro, secado e guardado no estojo para ser reutilizado em outra ocasião. Sempre se deve verificar se ele não está com furos: basta olhá-lo contra a luz ou enchê-lo de água. O diafragma não costuma causar problemas no organismo, mas pode aumentar um pouco a chance de infecção urinária. No entanto, é menos eficiente que a pílula e o DIU. Primeiro, porque pode ser colocado em posição incorreta. Segundo, porque pode sair da posição correta durante o ato sexual.
Técnicas de esterilização: Na esterilização feminina (ligação ou laqueadura tubária), a tuba uterina é cortada e seus cotos, amarrados. Com isso, embora continue a ser produzido, o ovócito não é fecundado, uma vez que se interrompeu a ligação entre o ovário e o útero. A esterilização masculina (vasectomia ou deferectomia) é relativamente simples e consiste na secção dos ductos deferentes por meio de pequeno corte na pele da bolsa escrotal. Essa operação não modifica o comportamento sexual (a testosterona continua a ser lançada no sangue), e o sêmen continua a ser produzido, embora não contenha espermatozoides (estes constituem apenas 10% do volume do sêmen). Há pequeno risco de falha em ambas as cirurgias. O problema, porém, é que nem sempre é possível reverter a esterilização por meio de nova cirurgia. Por isso, para fins práticos, a esterilização deve ser considerada definitiva.
Algumas infecções passam de uma pessoa para outra, principalmente pela relação sexual: são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou infecções sexualmente transmissíveis. Ainda que um casal seja cauteloso com relação aos métodos contraceptivos para evitar uma gravidez indesejada, é muito importante também que se protejam contra as ISTs. O uso do preservativo masculino ou feminino em todas as relações é a forma mais segura de proteção contra ISTs.
Apenas o médico pode fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento. Alguns sinais servem de alerta para procurá-lo: coceira, dor, caroços, feridas, manchas avermelhadas ou escuras (elas podem aparecer também na palma da mão ou na planta do pé), bolhas, verrugas ou inflamação nos órgãos genitais ou em torno deles, na região anal ou na boca; íngua na virilha (nódulos linfáticos inchados); dor, ardência ou incômodo no ato sexual ou ao urinar; vontade frequente de urinar. Nos homens podem sair também secreções ou sangue pelo pênis. Na mulher pode haver mudança na cor ou no cheiro da secreção vaginal ou dor no abdome.
Às vezes, não há sintomas. Além disso, até que os sintomas da infecção sexualmente transmissível apareçam, podem se passar dias ou semanas: é o chamado período de incubação. Por isso, se um parceiro estiver com infecção ou mesmo suspeita, o outro deverá procurar um médico, mesmo que não tenha sintomas. Não se pode esquecer de avisar o parceiro sobre a infecção para que ele procure um médico e possa ser tratado também. Às vezes, os sintomas da infecção desaparecem espontaneamente e a pessoa pode pensar que está curada. Mas, sem o tratamento médico, a infecção pode voltar mais forte e provocar consequências sérias. Por isso, quanto mais cedo a infecção for diagnosticada e tratada, mais fácil e rápida será a cura.
Nunca tome remédios nem faça tratamentos por conta própria.
Veja a seguir informações sobre algumas ISTs, lembrando sempre que essas informações não substituem a consulta ao médico nem podem ser usadas para diagnóstico, tratamento ou prevenção de doenças.
Gonorreia: É causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que pode provocar inflamação da uretra, da próstata e do útero. Pode haver dor, ardência e uma secreção branca ou amarelada ao urinar. A secreção vaginal pode ficar amarelada. Em alguns casos, principalmente na mulher, não há sintomas, mas o médico pode diagnosticar a doença por meio de exames. Mesmo não apresentando sintomas, uma pessoa pode transmitir a doença. Se uma mulher grávida tiver a doença, os olhos do recém-nascido podem ser infectados durante o parto. O tratamento é feito com antibióticos, e, em geral, a cura é rápida.
Sífilis: Causada pela bactéria Treponema pallidum, essa doença pode ser fatal se não for tratada corretamente e pode passar da mãe para o feto, provocando problemas físicos e mentais na criança. O primeiro sinal é uma ferida sem dor, dura, com bordas elevadas e avermelhadas na área genital ou, às vezes, no ânus, na boca ou em outras regiões que entraram em contato com a bactéria. A ferida some em duas a seis semanas, mesmo sem tratamento, mas a bactéria continua presente no organismo. Se a pessoa não se tratar, cerca de dois a seis meses depois, aparecem feridas na pele, febre baixa, dor de garganta e outros sintomas. Esses sinais também desaparecem de duas a seis semanas. Se a pessoa continuar sem receber tratamento, a doença poderá atacar, até anos depois, o coração, as artérias e o sistema nervoso, podendo levar à cegueira, paralisia, loucura e morte. O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue, e o tratamento é à base de antibióticos.
Clamídea: A bactéria Chlamydia trachomatis pode causar infecções na uretra (uretrite), nos olhos (tracoma) e nos linfonodos da região genital (linfogranuloma venéreo). Na mulher, pode atingir também o útero e as tubas uterinas. Quando ataca a uretra, provoca dor e ardência ao urinar. Quando ataca os linfonodos, provoca inchações (“ínguas”) na virilha. Na mulher, pode causar sangramento no período entre as menstruações, dor durante o ato sexual e outros sintomas. Se não for tratada adequadamente, com antibióticos tomados de acordo com prescrição médica, há risco de esterilidade.
Herpes genital: O herpes é causado por um vírus. O local fica inicialmente vermelho e com coceira, surgindo depois pequenas bolhas que arrebentam e formam feridas. Os sintomas desaparecem, em geral, em até quatro semanas, mas o vírus continua presente no organismo e, em algumas pessoas, provoca recaídas. Uma pessoa com herpes deve evitar tocar a área contaminada; se o fizer, deve lavar as mãos para evitar contaminar outras pessoas. Durante as recaídas (as fases mais contagiosas) da doença, não deve ter relações sexuais. Como o vírus pode passar para a criança durante o parto, a mulher com herpes deve informar o fato ao médico. Ele poderá optar por realizar uma cesariana para evitar que a criança entre em contato com as lesões do herpes. Existem medicamentos que diminuem significativamente os sintomas da doença. Há também o herpes causado por outro tipo de vírus, que ataca a face e os lábios.
Codiloma acuminado: O papilomavírus humano, conhecido como HPV (do inglês Human Papilloma Virus), é responsável por formar verrugas nos órgãos genitais, no colo do útero e ao redor do ânus (popularmente conhecidas como "crista de galo"). O tratamento consiste em eliminar as verrugas com congelamento, bisturi elétrico, laser, cirurgia ou produtos químicos. As mulheres que tiveram ou têm o vírus devem fazer exames periódicos para prevenir o câncer de útero, uma vez que algumas variedades desse vírus aumentam a chance do aparecimento desse tipo de câncer. Caso a mulher tenha tido condiloma e fique grávida, deve informar ao médico, pois, no momento do parto, o vírus pode ser transmitido para a criança e provocar problemas respiratórios. O médico pode indicar também a vacina que protege contra alguns tipos de HPV.
Hepatite B: A hepatite pode ser provocada por vários tipos de vírus diferentes, todos eles causando inflamação do fígado. Os principais sintomas da hepatite B são: febre, dor de cabeça, cansaço e, geralmente, icterícia, que é quando a pele e a esclera (o branco dos olhos) ficam amarelados devido ao acúmulo de pigmentos da bile. A icterícia pode se manifestar em diversas doenças. Quem já teve hepatite não pode doar sangue, pois o vírus pode permanecer no organismo, mesmo sem sintomas da doença. A hepatite B pode ser transmitida por transfusão de sangue, contato sexual ou entre tecidos que forram a boca e outras cavidades (mucosas) que tenham secreções, como a saliva e as lágrimas. Além disso, pode passar da mãe para o filho no momento do parto. Existe o risco de o vírus provocar, em alguns casos, cirrose (destruição do fígado) ou câncer de fígado. Portanto, logo ao nascer, a criança deve receber a primeira dose da vacina, que será repetida um mês depois e, novamente, seis meses após a primeira dose. Os adultos também podem tomar a vacina.
Tricomaníase: A tricomoníase é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, que provoca inflamação na vagina das mulheres, acompanhada de secreção branca ou amarelada e com mau cheiro. Nos homens, pode provocar ardência ao urinar.
Candidiase: É provocada pelo fungo Candida albicans (monília), o mesmo que causa o “sapinho” na boca. Na mulher aparece uma secreção esbranquiçada, acompanhada de coceira, nos órgãos genitais. No homem pode provocar vermelhidão e coceira na área genital. O tratamento é feito com cremes ou outros medicamentos contra o fungo.
Pediculose pubiana: A infestação é causada pelo piolho púbico (Phthirus pubis), conhecido popularmente como “chato”. Geralmente, esses piolhos ficam aderidos aos pelos pubianos. O tratamento é local e é necessário ferver as roupas infestadas (já que o piolho também pode ser transmitido pelo contato com roupas, toalhas e lençóis).
AIDS: A Aids (sigla de acquired immunodeficiency syndrome, ou Sida, síndrome da imunodeficiência adquirida) é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV, do inglês human immunodeficiency virus). Medindo apenas 0,1 µm, o HIV é formado por uma cápsula esférica de glicoproteínas mergulhadas em uma dupla camada de gordura, contendo RNA.
A proteína mais externa do HIV, chamada de gp120, é capaz de se encaixar na proteína CD4, presente na membrana do principal glóbulo branco atacado pelo vírus, o linfócito T4, também denominado CD4+ ou auxiliar. Após o encaixe, a cápsula do vírus se funde à membrana da célula, e o material genético viral penetra no citoplasma. Com o auxílio da enzima transcriptase reversa, o RNA sintetiza uma molécula de DNA, complementar a ele, e é destruído. Essa molécula de DNA produz outra de DNA, complementar, e as duas se unem, formando uma dupla cadeia, que migra para o núcleo e se incorpora ao patrimônio genético da célula. Como é o RNA que sintetiza uma molécula de DNA, ao contrário do que acontece no processo de transcrição dos seres vivos em geral, o HIV é classificado no grupo dos retrovírus (retro = para trás), o que justifica também o nome da enzima que permite esse processo, isto é, a transcriptase reversa. O DNA do vírus desencadeia a síntese de novas moléculas de RNA, que orientam também a síntese de proteínas da cápsula e das enzimas virais. Assim, formam-se novos vírus, que migram para a periferia da célula, são envolvidos pela membrana e compõem brotos que se soltam da célula.
O resultado desse processo de destruição é a progressiva diminuição de linfócitos T4, o que, com o tempo, compromete todo o sistema imunitário. Dessa forma, o organismo fica sem defesa contra diversos germes e o doente pode morrer vítima de uma série de infecções. O HIV pode ser transmitido por meio de vários fluidos corporais contaminados – sangue, sêmen, secreção vaginal, leite materno, líquido cefalorraquidiano, líquido amniótico – quando eles entram em contato com mucosas, como a da boca, a do ânus e a da vagina, ou com a pele (se esta apresentar cortes ou perfurações; a pele intacta é uma barreira eficiente contra a infecção de qualquer vírus). No caso do sangue, o HIV também pode ser transmitido por transfusão (embora a fiscalização dos bancos de sangue pelo governo tenha diminuído muito essa forma de transmissão; é importante ressaltar que o risco existe apenas para quem recebe a transfusão). O vírus pode ser transmitido da mãe para o filho durante a gestação, o parto ou o aleitamento. Por isso, mulheres grávidas devem fazer o teste de Aids. Sendo portadoras do vírus, o uso de medicamentos adequados diminui muito a chance de transmissão para o filho. O transplante de órgãos e a inseminação artificial também podem ser uma forma de transmissão. Objetos que possam entrar em contato com sangue, como lâmina de barbear, tesoura, alicate de unha, instrumentos usados por médicos e dentistas (bisturis, pinças, alicates, seringas, etc.) ou em tatuagens e acupuntura, podem transmitir o vírus se tiverem sido utilizados em pessoas infectadas.
Para evitar a Aids, é preciso usar camisinha em todas as relações sexuais, exigir a esterilização de objetos que possam entrar em contato com sangue (como lâmina de barbear, tesoura, alicate de unha) e também de instrumentos usados por médicos e dentistas (bisturis, pinças, alicates, seringas, etc.). Em relação a seringas e agulhas, deve-se usar sempre as descartáveis.
Por meio de certos exames, o paciente pode saber se é portador do HIV, ou seja, se é HIV-positivo (também chamado de soropositivo). É necessário fazer mais de um exame para confirmar o resultado, que pode ser falso negativo, isto é, dar um resultado negativo para uma pessoa já contaminada pelo HIV, ou falso positivo, isto é, dar um resultado positivo para alguém que não está contaminado pelo HIV. O falso negativo pode acontecer, por exemplo, se o teste for feito durante o período denominado janela imunitária, que corresponde ao período em que o HIV ou os anticorpos produzidos pelo organismo contra o vírus ainda não são detectados pelos testes e varia com o tipo de teste utilizado. No período de janela imunitária, embora os exames deem negativo, a pessoa infectada pelo HIV pode transmiti-lo a outras pessoas. O resultado falso positivo em geral ocorre por erro do próprio teste. Por isso, apenas um resultado positivo não é suficiente para diagnosticar a infecção. É necessário repetir o exame pelo menos duas vezes e confirmá-lo por um teste de outro tipo, como o Western-Blot, que é mais preciso. Assim, quem quer saber se tem ou não o vírus HIV deve procurar uma clínica especializada, que lhe dê toda a assistência e informação. E, em caso de confirmação de resultado positivo, consultar um médico para saber, com segurança, como se tratar. O resultado positivo indica apenas que a pessoa é portadora do HIV.
Muitos portadores do vírus, porém, não apresentam nenhum sintoma da Aids após a contaminação e podem ficar assim por longo tempo. Ainda assim, podem transmitir o vírus a outras pessoas, inclusive para o filho, no caso de uma mulher soropositiva que engravide. Com a contínua multiplicação do vírus, pode chegar um momento, que pode demorar muitos anos, em que o número de linfócitos diminui muito e começam a aparecer infecções por germes oportunistas: tuberculose, pneumonia, diarreias crônicas provocadas por amebas, giárdia e outros germes, meningites, herpes cutâneo, candidíase oral (sapinho). Embora não destruam completamente os vírus, os medicamentos atuais podem retardar a evolução da doença e combater as infecções oportunistas. Além de medicamentos que atacam as infecções oportunistas, existem também os chamados antirretrovirais, que inibem a reprodução do HIV no sangue. Um dos maiores problemas para o desenvolvimento de uma vacina é a capacidade de o vírus sofrer mutações muito rapidamente. Como a vacina tem de ser específica, ela poderia não atuar sobre as demais variedades.