Distribuição dos organismos na biosfera

Terra é composta por uma grande variedade de biomas terrestres, que são regiões com características ambientais distintas e com uma fauna e flora específicas. Esses biomas incluem florestas tropicais, savanas, desertos, tundras, entre outros, e são encontrados em diferentes partes do mundo. A distribuição dos seres vivos nos diferentes biomas está diretamente relacionada às condições ambientais de cada um deles, incluindo temperatura, precipitação, luminosidade e umidade. Além disso, fatores históricos, como a separação geográfica das massas terrestres, também influenciam a distribuição das espécies. Compreender como os organismos estão distribuídos pelos diferentes biomas é fundamental para a conservação da biodiversidade e para a compreensão da evolução das espécies. Este tema tem sido objeto de estudo de diversas áreas da biologia, incluindo a ecologia, a biogeografia e a taxonomia. 

Antes de iniciarmos, vamos relembrar os movimentos de translação e rotação terrestre e entender como influenciam no clima da terra.

A rotação da Terra gera alternância entre o dia e a noite. Durante o dia, a superfície do planeta é aquecida pela radiação solar, enquanto à noite ela esfria devido à perda de calor. A rotação também influencia na distribuição de temperatura entre as diferentes regiões, já que os raios solares incidem com maior intensidade sobre as regiões próximas ao equador, que recebem mais calor e têm temperaturas mais elevadas, durante o movimento de translação inteiro, do que as regiões polares.

Já a translação da Terra em torno do Sol, que leva cerca de 365 dias, gera mudanças de estações do ano. Durante o inverno, a inclinação do eixo terrestre faz com que os raios solares incidam de forma mais oblíqua sobre as regiões polares, resultando em temperaturas mais baixas. Já no verão, a inclinação do eixo terrestre faz com que os raios solares incidam com mais intensidade sobre as regiões próximas ao equador, gerando temperaturas mais altas.

Além disso, o movimento de translação também influencia na luminosidade das diferentes regiões do planeta, já que as variações na inclinação do eixo terrestre fazem com que algumas regiões tenham dias mais longos e noites mais curtas em determinadas épocas do ano, enquanto outras têm o oposto.

A incidência de luz solar é fundamental para a fotossíntese, que é a principal forma de obtenção de energia pelas plantas. A disponibilidade de água, influenciada pela precipitação, também é um fator chave para o crescimento e sobrevivência das plantas. Por sua vez, as plantas fornecem alimento e habitat para muitas espécies de animais, e a mudança nas condições ambientais pode afetar significativamente toda a cadeia alimentar.

Além disso, as mudanças sazonais na temperatura e precipitação podem influenciar diretamente o ciclo de vida de muitas espécies, incluindo os padrões de migração, hibernação e reprodução. Portanto, as mudanças nos movimentos terrestres podem afetar profundamente a biodiversidade, levando a mudanças na distribuição e na abundância de muitas espécies de plantas e animais em todo o mundo.

Espinociclo

Epinociclo é um termo que se refere ao conjunto de ecossistemas terrestres presentes no planeta Terra. Ele ajuda a explicar a diversidade de ambientes, como desertos, florestas, campos, tundras, entre outros, que são caracterizados pelas condições climáticas, topografia, solo e outros fatores que influenciam a na composição de suas características. O epinociclo é composto por diferentes biomas terrestres, que são as grandes comunidades de plantas e animais adaptados a condições ecológicas específicas, principalmente em relação ao tipo de vegetação predominante. O epinociclos ajuda a entender como a biodiversidade esta distribuida no planeta. O epinociclo, que corresponde a cerca de 28% da área do globo terrestre, é composto por diversos ecossistemas terrestres que abrigam uma grande diversidade de espécies. A presença de ampla variação climática e um grande número de barreiras geográficas favorece a especiação, resultando em uma alta diversidade de espécies.

Os biomas são grandes comunidades adaptadas a condições ecológicas específicas, caracterizados principalmente pelo tipo de vegetação predominante. A Geografia tem influência no clima, e que é possível encontrar diferentes biomas adaptados às condições climáticas de cada região, desde as mais frias aos polos até as mais quentes próximas ao equador. A altitude também é um fator determinante, pois mesmo em áreas próximas ao equador é possível encontrar seres típicos de regiões frias em áreas de grande altitude. A maior diversidade de espécies é encontrada nas regiões tropicais, diminuindo gradualmente em direção às regiões temperadas e polos.

O tipo de solo e os fatores climáticos, como pluviosidade e temperatura média anual, influenciam os tipos de plantas e animais característicos de cada bioma. Os principais biomas terrestres incluem a tundra, a taiga, as florestas temperadas e tropicais, os campos e os desertos. Veja na imagem abaixo a distribuição destes biomas no planeta terra e a área que ocupam. Cada uma das cores representa um bioma.

Tundra

A tundra é um bioma encontrado ao redor do polo norte (tundra ártica) e no topo das montanhas mais altas (tundra alpina). Caracterizado por temperaturas baixas, clima frio e seco, com pouca precipitação e baixa luminosidade, a absorção de água pelas plantas é dificultada devido às baixas temperaturas. O solo permanece congelado a maior parte do tempo e somente no verão, que dura cerca de dois meses, uma fina camada de gelo na superfície do solo descongela, permitindo a formação de charcos e o crescimento de uma vegetação rasteira composta de musgos, liquens, capim e poucos arbustos. Os ventos fortes são outro fator que dificulta o crescimento de plantas maiores. Entre os animais encontrados na tundra estão insetos, pássaros, caribus, lemingues, lebre ártica, raposa polar, urso-branco e lobo ártico.

A tundra, todos os outros biomas de regiõeos frias, é ameaçada pelas mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global e pela exploração de petróleo na região.

Taiga

Já a taiga, também conhecida como floresta de coníferas ou floresta boreal, está localizada ao sul da tundra, em áreas do Canadá, da Sibéria e dos Estados Unidos, sendo encontrada ainda em altitudes elevadas. Este bioma possui uma fauna mais rica que a da tundra, com insetos, aves, lebres, alces, renas, ratos silvestres e musaranhos, que servem de alimento para animais como martas, linces, lobos e ursos-pardos. A taiga é constituída por florestas de coníferas, como o pinheiro e o abeto. Infelizmente, algumas regiões da taiga têm sido devastadas pela exploração de madeira e pela poluição do ar, que causa chuvas ácidas e polui a água por gases tóxicos do ar.

Florestas temperadas

As florestas temperadas são importantes por diversos motivos, incluindo a manutenção da biodiversidade e o fornecimento de recursos para os seres humanos, como madeira, alimentos e medicamentos. No entanto, essas florestas também são ameaçadas pela atividade humana, como a exploração madeireira e a conversão de florestas em áreas agrícolas ou urbanas. O aquecimento global também representa uma ameaça, pois pode alterar o clima e afetar a distribuição e a saúde das espécies que habitam as florestas temperadas. Por isso, é importante adotar práticas sustentáveis de uso da terra e proteger essas florestas para garantir sua conservação a longo prazo. 

Florestas tropicais

As florestas tropicais estão localizadas em áreas equatoriais, como na América Central, no norte da América do Sul, no leste e oeste da África central, no sul da Ásia, nas ilhas do Pacífico e no nordeste da Austrália . O clima nessas regiões é quente e úmido, com uma temperatura média constante de 27°C e chuvas frequentes e abundantes, o que lhes confere o nome de florestas pluviais tropicais. A maior floresta tropical do mundo é a Floresta Amazônica, localizada no norte da América do Sul.

Ainda que ocupe apenas 7% da superfície do planeta, as florestas tropicais contêm mais espécies de plantas e animais do que todos os outros biomas juntos. Há diversas plantas latifoliadas (folhas largas). A grande superfície dessas folhas aumenta a área de absorção de luz sem perigo de desidratação. As plantas geralmente são perenes ou perenifólias, ou seja, mantêm a maioria das folhas durante todo o ano. A copa das árvores de grande porte intercepta boa parte da luz solar, o que diminui o desenvolvimento de plantas rasteiras. Em compensação, sobre as árvores há grande número de cipós e epífitas, como orquídeas e bromélias. As poucas plantas rasteiras costumam ter folhas grandes, captando a pouca quantidade de luz que chega ao solo.

A exuberância do estrato arbóreo explica a quantidade de animais capazes de subir em árvores ou de voar em busca de frutos, sementes e/ou folhas. Por isso, há grande variedade de macacos, pássaros, lagartos, serpentes e, principalmente, insetos.

O desmatamento das florestas tropicais provoca alterações climáticas, uma vez que a quantidade de água devolvida à atmosfera pela transpiração é maior do que a restituída pela evaporação direta, devido à grande área relativa formada pelas folhas. Com a destruição da vegetação, portanto, reduz-se o volume de água disponível para as chuvas. Assim, a quantidade de chuvas e a umidade reduzem-se progressivamente e pode instalar-se um clima do tipo semiárido. Além disso, a água devolvida pela transpiração forma nuvens que os ventos levam para o sul, regulando o clima em vários países. Portanto, a preservação das florestas é fundamental para o equilíbrio ecológico do planeta.

Outro problema do desmatamento é que, à medida que as florestas desaparecem, são extintas espécies importantes para estudo, para produção de medicamentos e outros produtos: a maioria das espécies ainda não foi estudada e muitas não foram catalogadas. Mesmo que não ocorra extinção, já é bastante grave a diminuição da variabilidade genética das populações, pois isso as torna mais suscetíveis à extinção.

Além das razões ecológicas, estéticas e utilitárias, há também uma justificativa de ordem ética: a de não destruirmos outras espécies ou o ambiente em que vivemos.

Campos

Os campos são encontrados em regiões tropicais e temperadas que possuem uma quantidade de chuvas intermediária entre o deserto e a floresta, o que dificulta o desenvolvimento de árvores de grande porte e favorece o surgimento de plantas pequenas, como as gramíneas. Nos campos das regiões tropicais, como a savana na África e na Austrália e o cerrado na região Centro-Oeste brasileira (que será estudado adiante), além das gramíneas, existem arbustos e árvores esparsas. Já os campos das regiões temperadas, formados por vastas extensões de capim, recebem diferentes nomes: estepes na Ásia e Europa, pradarias na América do Norte e pampas (visto adiante) no sul da América do Sul.

A vegetação rasteira presente nos campos permite a sobrevivência de muitos animais herbívoros e, consequentemente, dos carnívoros que se alimentam deles. Nas savanas da África, por exemplo, podemos encontrar antílopes, girafas, zebras, gnus, rinocerontes, leões, guepardos, chacais e hienas, entre outros animais.

A ocupação dos campos para a criação de gado e agricultura tem provocado a extinção de diversos animais. Além disso, as frequentes queimadas e o pastoreio excessivo aceleram a erosão e o esgotamento do solo.

Desertos

O texto descreve as características dos desertos, situados em torno de 30° de latitude ao norte e ao sul do equador em várias regiões do mundo, incluindo África, Ásia, Estados Unidos, México e Austrália. Com chuvas raras e baixa precipitação anual, o clima é seco e o solo árido. Nos desertos quentes, as temperaturas diurnas podem superar 40 °C, enquanto as temperaturas noturnas são muito frias. Já nos desertos frios, que ficam em latitudes mais altas, a variação diária de temperatura é menor.

Devido à falta de água, a vegetação nos desertos é pobre e esparça. As plantas existentes estão adaptadas ao clima seco, com características que reduzem a perda de água por transpiração. Isso inclui a presença de uma epiderme com cutícula espessa, rica em ceras impermeabilizantes ou em pelos que retêm a umidade do ar, além de estômatos pequenos localizados no interior de cavidades da folha (criptas). Algumas plantas também possuem raízes muito desenvolvidas e tecidos especiais que armazenam água.

A fauna dos desertos é composta principalmente por roedores, como o rato-canguru, répteis, insetos, aracnídeos e aves, entre outros animais. Embora a vida animal seja escassa, a falta de predadores e a presença de plantas e animais adaptados ao clima seco permitem a sobrevivência de espécies específicas em diferentes regiões desérticas.

A ocupação humana nos desertos tem sido cada vez mais comum, resultando em problemas como a degradação do solo e a extinção de espécies animais. A conscientização sobre a importância dos desertos como ecossistemas valiosos é crucial para a preservação dessas áreas e sua biodiversidade única.

Biomas no território brasileiro

O Brasil é um país que apresenta grande diversidade de ecossistemas, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados de território e diferentes condições climáticas, de temperatura, solo e umidade. Cerca de 20% de todas as espécies animais e vegetais do mundo são encontradas no país. Infelizmente, a ocupação humana teve um impacto significativo em todos os biomas, resultando na destruição de parte da vegetação original. Estima-se que 38% da vegetação nativa já foi perdida e o país continua a perder terras a cada ano devido ao corte de árvores e queimadas.

Floresta Amazônica

A floresta Amazônica é a maior floresta tropical pluvial do mundo e cobre grande parte da região ao norte da América do Sul. O clima na Amazônia é quente e úmido, com chuvas abundantes. Assim como em outras florestas tropicais, a rápida reciclagem da matéria orgânica é fundamental para a manutenção da comunidade, já que o solo é pobre em nutrientes. A floresta é dividida em terra firme, matas de igapó, que são áreas próximas a rios e ficam quase sempre inundadas, e matas de várzea, que são apenas temporariamente inundadas.

Na floresta Amazônica, encontram-se árvores altas, como cedro, virola, buritizeiro, açai e castanheira-do-pará, além de trepadeiras, como o guaranazeiro, e grande número de epífitas. Na superfície das áreas tomadas pelas águas é comum encontrar a vitória-régia, que pode chegar a 2 metros de diâmetro.

A Amazônia abriga a maior variedade de espécies de aves, primatas, roedores, sapos, insetos, lagartos e peixes de água doce do mundo. Entre os mamíferos, são comuns os primatas, os carnívoros, tamanduás, preguiças, esquilos, veados, porcos-do-mato e mamíferos aquáticos. Há uma grande variedade de aves, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados.

No entanto, a região da Amazônia vem sendo destruída por desmatamentos para dar espaço à agricultura, à pecuária e à extração de madeira e minérios, além da caça predatória e da contaminação dos rios por mercúrio dos garimpos. A preservação da Amazônia é de interesse mundial, pois ela abriga a maior biodiversidade do planeta, cerca de 15% de todas as espécies conhecidas de plantas e animais, e sua destruição pode contribuir para o aquecimento global e outras consequências graves.

Mata Atlântica

A mata Atlântica é uma floresta tropical, caracterizada por seu clima quente e úmido, que atualmente é encontrada em fragmentos esparsos ao longo do litoral brasileiro. Entre as espécies de árvores presentes na mata Atlântica, destacam-se o jequitibá-rosa, a quaresmeira, o ipê, a embaúba, a palmeira-juçara (da qual é extraído o palmito), a canela, o jacarandá, o cedro e a peroba. Na floresta, também é possível encontrar uma grande variedade de trepadeiras, mata-paus e pteridófitas.

A mata Atlântica abriga uma grande diversidade de mamíferos, como marsupiais, primatas, guaxinins, quatis, onças-pintadas, gatos-do-mato, cachorros-vinagre, suçuaranas, caxinguelês, cutias, ouriços-cacheiros, porcos-do-mato, tatus, pacas, tamanduás-mirins, capivaras, antas e preguiças. Além disso, é possível encontrar diversas espécies de aves na mata Atlântica, como o macuco, inhambu, patos selvagens, gaviões, mutum, saracura, tié-sangue, sanhaço, araponga, muitas espécies de beija-flor e saíra-sete-cores. No entanto, muitas das espécies presentes na mata Atlântica estão ameaçadas de extinção.

Desde o início da colonização do Brasil, a mata Atlântica foi o ecossistema mais afetado pela ação humana. A extração do pau-brasil, a cana-de-açúcar, o ciclo do café, a mineração, a extração de madeiras nobres, a pecuária, a caça predatória e o crescimento das cidades foram os principais fatores da devastação ecológica dessa região. Atualmente, restam apenas 11,62% da vegetação original em fragmentos de mata com no mínimo 3 hectares.

A mata Atlântica é um dos 34 hotspots do mundo, ou seja, uma região de grande biodiversidade e ameaçada de extinção. Para ser considerado um hotspot, um ecossistema deve ter pelo menos 1 500 espécies endêmicas de plantas e ter perdido 70% ou mais de sua área original. Além disso, a mata Atlântica é associada a ecossistemas costeiros, como os manguezais e as restingas, com vegetação adaptada a solos arenosos e secos, formada por ervas, arbustos e algumas árvores.

Caatinga

A caatinga é um bioma quente e seco que abrange pouco mais de 11% do território brasileiro, ocupando aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados. Ele está localizado nos estados do Nordeste - Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia - e no norte de Minas Gerais, caracterizado por um clima semiárido com estações prolongadas de seca e baixo índice pluviométrico.

Durante a época seca, a maioria das árvores perde as folhas, e muitos rios e lagoas secam, dando à paisagem uma aparência desbotada e sem folhas verdes. É por isso que o bioma é chamado de caatinga, uma palavra de origem tupi que significa 'mata branca', referindo-se às plantas sem folhas. Quando a estação chuvosa retorna, as árvores se cobrem de folhas e a paisagem volta a ficar verde.

A vegetação da caatinga é composta por plantas xerófilas, incluindo a família das cactáceas, que contém plantas pequenas como o quipá, e outras grandes e arborescentes, como o mandacaru, o facheiro, a coroa-de-frade e o xiquexique. Outras plantas notáveis ​​são a maniçoba, o marmeleiro, o umbuzeiro, a barriguda e os ipês. Algumas espécies, como a oiticica e o juazeiro, não perdem suas duras folhas durante as secas.

Os vertebrados da caatinga incluem várias espécies de lagartos, serpentes, quelônios (tartarugas e jabutis), anfíbios, aves e mamíferos. Alguns exemplos de mamíferos são o sagui-do-nordeste, o macaco-prego, o tatu-peba, o mocó (pequeno roedor), o gambá, o preá, o caititu, o veado-catingueiro, a cutia e o tatu-bola. Entre as aves, estão o carcará, a gralha-canção, a ema, a seriema, a pomba-avoante e o galo-de-campina. A caatinga também abriga répteis, como os calangos (pequenos lagartos), a jiboia e a cascavel, e anfíbios, como o sapo-cururu.

No entanto, o desmatamento da caatinga, principalmente para a exploração não sustentável de lenha, está provocando a degradação do solo e ameaçando a desertificação. Portanto, é crucial implementar práticas de manejo sustentável, incluindo o reflorestamento, para preservar este importante bioma.

Cerrado

O cerrado, que também é conhecido como campo cerrado, é um bioma semelhante à savana. É constituído por gramíneas, árvores e arbustos esparsos, e ocupa aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados do Brasil central, incluindo partes dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Também está presente em São Paulo e Paraná, e quando as zonas esparsas no Norte, Nordeste e Sul são consideradas, a extensão do cerrado chega a cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, correspondendo a quase 25% do território nacional.

O clima do cerrado é quente, com períodos alternados de chuva e seca, caracterizados por um verão chuvoso e um inverno seco. Durante a estação seca, a vegetação pode queimar espontaneamente, e o fogo ocorre periodicamente devido a raios. Algumas plantas dependem das queimadas para a reprodução e florescem somente depois de um incêndio. Após o resfriamento das cinzas, novas plantas brotam do solo, e os animais da região retornam à área queimada. As árvores sobrevivem graças às suas raízes profundas, caules subterrâneos ou à presença de uma cutícula espessa e rica em súber no caule, que atua como isolante térmico. No entanto, as queimadas provocadas pelo ser humano são mais intensas e frequentes, dificultando o crescimento das plantas.

O cerrado é o segundo bioma mais rico em biodiversidade no país, depois da Amazônia. Acredita-se que existam mais de 10 mil espécies de plantas no cerrado, sendo que 44% delas são endêmicas. As árvores geralmente são distribuídas de forma esparsa, têm no máximo 5 m de altura, e seus caules são tortuosos e retorcidos. As folhas são coriáceas, e as raízes longas (algumas com 18 m de comprimento) atingem as reservas de água subterrânea.

Em condições naturais, o solo do cerrado é muito ácido, com baixo conteúdo de cálcio e magnésio e grande quantidade de alumínio, o que dificulta a absorção de nutrientes pelas raízes. Durante a seca, algumas plantas perdem as folhas, enquanto outras perdem também os ramos, e somente o caule subterrâneo permanece.

O cerrado abriga uma grande diversidade de animais, incluindo o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra, que são ameaçados de extinção. Outros animais que podem ser encontrados no cerrado são o quati, o macaco-prego, o sagui, o rato-do-mato, a anta, a capivara, o porco-do-mato, o veado-campeiro, a onça-pintada, a suçuarana, a jaguatirica, o lobo-guará ou guará, o cachorro-vinagre, o furão, o cangambá e o guaxinim. Entre as aves, há a seriema, a gralha, a asa-branca, o papagaio, a araraúna, o tucano, a coruja, o pica-pau, o socó, a ema (maior ave das Américas), o gavião-preto, o gavião-carcará e o urubu-rei.

Quando tratado com fertilizantes e tendo a acidez corrigida com calcário, o solo do cerrado é muito usado para a agricultura, principalmente para a produção de cana-de-açúcar, soja e milho; além de seu uso para a criação de gado. Ao longo dos anos, esse tipo de exploração excessiva tem levado ao esgotamento e à erosão do solo do cerrado, que passou a sof rer risco de desertificação. Para combater a destruição do cerrado, é preciso, entre outras medidas, restaurar as áreas degradadas e manter as áreas de reservas naturais, como o Parque Nacional das Emas, em Goiás. Quando tratado com fertilizantes e tendo a acidez corrigida com calcário, o solo do cerrado é muito usado para a agricultura, principalmente para a produção de cana-de-açúcar, soja e milho; além de seu uso para a criação de gado. Ao longo dos anos, esse tipo de exploração excessiva tem levado ao esgotamento e à erosão do solo do cerrado, que passou a sof rer risco de desertificação. Para combater a destruição do cerrado, é preciso, entre outras medidas, restaurar as áreas degradadas e manter as áreas de reservas naturais, como o Parque Nacional das Emas, em Goiás. 

Pampas

Os pampas, que significam "região plana" na língua indígena quéchua, são conhecidos como campos sulinos ou campos do sul. Eles estão localizados no extremo sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul. A vegetação predominante é composta por gramíneas de pequeno porte, com poucos arbustos espalhados. Em geral, não há árvores, embora algumas sejam encontradas ao longo dos rios e na região litorânea. Por essa razão, os pampas também são chamados de campos limpos. Já o cerrado é chamado de campo sujo, pois apresenta vegetação arbórea e arbustiva.

A região é lar de muitos animais, como o tatu e diversos roedores, que cavam tocas. Entre os carnívoros, há o gato-do-pampa, o zorrilho (espécie de raposa) e o guaxinim. As aves presentes na região incluem o marreco, o tachã e o quero-quero. Além disso, os pampas são utilizados para produção de trigo, arroz, milho e soja, bem como para a pecuária. Contudo, essas atividades têm causado erosão do solo.

Pantanal

O Pantanal, também conhecido como Pantanal Mato-Grossense, está localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se até a Bolívia e o Paraguai. A região tem um verão quente e úmido e um inverno seco. É a maior planície inundável do mundo, com cerca de dois terços (100.000 km2) ficando alagados na época das chuvas. O solo é fertilizado naturalmente pela água dos rios das regiões mais altas. Várias lagoas permanecem na região durante os meses restantes, formadas pelas enchentes.

O Pantanal possui uma mistura de campos, florestas tropicais, cerrado e vegetação típica de áreas alagadas, que pode ser dividida em três áreas: a) áreas alagadas com vegetação de gramíneas que se desenvolve no inverno e serve de alimento para o gado; b) áreas com alagamentos periódicos que apresentam além de vegetação rasteira, arbustos e palmeiras; c) áreas que não sofrem inundação e apresentam predomínio do cerrado. Em locais mais úmidos, há espécies arbóreas da floresta tropical. Esses trechos de mata não alagados servem de abrigo aos animais durante o período das cheias.

Nas lagoas, há vegetais aquáticos flutuantes como aguapé, erva-de-santa-luzia, elódea, salvínia e vitória-régia, e fixos com folhas emersas como a sagitária. Entre as plantas submersas, encontram-se a cabomba e a utriculária (planta carnívora que se alimenta de invertebrados aquáticos microscópicos). Há também extensos capinzais, ipês, jatobás, cambáras, imbiriçus, acácias, piúvas, pequizeiros, imbaúbas, timbó, carandá e angico-vermelho.

O Pantanal abriga mais de cem espécies de mamíferos, incluindo onça-parda (suçuarana), onça-pintada, jaguatirica, gato-do-mato, lobo-guará e cachorro-vinagre, que caçam o porco-do-mato, a capivara, o cervo-do-pantanal, a anta, os preás e outros. Também podem ser encontrados a lontra, a ariranha, o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra.

A região possui a maior diversidade de aves do mundo, incluindo garças, socós, colhereiros, tucanos, cabeças-secas, anhumas, biguás, gaivotas, araras, patos, marrecos, urubus, gaviões-reais, araras, papagaios, periquitos, mutuns, emas, seriemas, martins-pescadores e jaburus (tuiuiús, símbolo do pantanal). Entre os répteis, há o jacaré-do-pantanal, a sucuri e o sinimbu (um lagarto). Mais de duzentas espécies de peixes são encontradas na região, destacam-se o pintado, o dourado, o jaú, o pacu, o surubim, a traíra, o lambari e a piranha.

A erosão do solo e o assoreamento de rios têm sido provocados pela pecuária e práticas agrícolas sem controle em certos locais. Além disso, o garimpo de ouro tem causado a poluição de alguns rios com mercúrio. A caça clandestina e a pesca sem controle também contribuem para a destruição da fauna e são um dos maiores problemas da região.

Ao explorar o Pantanal, é essencial considerar sua ecologia e empregar técnicas que previnam desequilíbrios ecológicos. É crucial fiscalizar e controlar a pesca para evitar a captura de peixes durante a época de reprodução e reprimir o uso de redes de malha muito fina, que podem capturar filhotes pequenos. A fiscalização e a repressão à caça clandestina, juntamente com programas de estudo sobre a ecologia do Pantanal, são medidas importantes que devem ser incentivadas pelo governo para evitar a destruição desse paraíso ecológico.

O turismo ecológico é um dos maiores atrativos do Pantanal e precisa ser incentivado. A renda gerada por essa atividade pode ser usada para preservar o patrimônio ecológico da região.  

Mata de araucária, mata de manguezais e mata de cocais

A mata de araucária, mata de manguezais e mata de cocais não são biomas própriamente ditos, são regiões que fazem parte dos biomas do território brasileiros com característas que os diferem do contexto do bioma. Este locais, por ter ambientes diferentes dos contexto onde se enconram, contpem um pool de espécies diferentes do restante da região.


Ambiente aquáticos

Mesmo tendo sido criado para o ambiente terrestre, o conceito de bioma também é utilizado em relação ao ambiente aquático, embora a expressão "zonas de vida aquática" seja mais comum como equivalente aos biomas terrestres. Dessa forma, são considerados os rios, riachos, lagos, lagoas, estuários, recifes de corais, zona litorânea, zona oceânica e zona abissal, entre outros. Os fatores que influenciam o tipo de vida encontrado no ambiente aquático incluem a salinidade, luminosidade, temperatura e conteúdo de oxigênio dissolvido na água.

Os oceanos e mares formam o maior biociclo, cobrindo cerca de 71% do globo terrestre. As condições climáticas na água são menos sujeitas a mudanças do que no meio terrestre, devido à circulação da água, o que contribui para a distribuição uniforme dos constituintes químicos desse biociclo. A variação da luz em função da profundidade influencia a distribuição dos seres vivos no biociclo marinho. A zona fótica é uma região bem iluminada, que vai até cerca de 200 m de profundidade, rica em seres autotróficos e consumidores. Já na zona afótica, a intensidade de luz é insuficiente para a realização da fotossíntese e não são encontradas algas, os seres heterotróficos dessa região dependem da matéria orgânica vinda da zona fótica.

Algumas regiões costeiras apresentam correntes de ressurgência, que levam os sais minerais do fundo para a superfície iluminada, aumentando o número de produtores e, consequentemente, de consumidores, o que torna a região propícia à pesca. Os recifes de corais, por sua vez, são outras regiões de grande produtividade, que se desenvolvem em águas quentes e pouco profundas das regiões tropicais e subtropicais, fornecendo abrigo para uma grande variedade de organismos, inclusive para peixes e crustáceos que são utilizados na alimentação humana.

Os corais estão enfrentando um problema: estão ficando brancos. Isso ocorre porque estão perdendo suas algas e, sem elas, sua sobrevivência fica ameaçada. Especula-se que o aumento da temperatura, provocado pelo aquecimento global do planeta e/ou por outros fenômenos climáticos, seja um dos responsáveis por esse fenômeno. Embora os recifes de corais representem menos de 1% da área dos oceanos, são abrigo para 2 milhões de espécies, ou seja, cerca de 25% da vida marinha.

Os organismos aquáticos podem ser divididos de acordo com sua capacidade de deslocamento. O plâncton, que é formado pelo conjunto de seres que se deslocam passivamente na água, arrastados pelas ondas e correntes marinhas, inclui algas microscópicas, protozoários, pequenos crustáceos, larvas de crustáceos (como os copépodes e o krill), larvas de vários animais e medusas. Embora muitos desses seres possuam movimentos próprios, são fracos demais para vencer a força da correnteza e das ondas. As algas formam o fitoplâncton (phyton = planta), base da cadeia alimentar marinha. Os organismos heterotróficos formam o zooplâncton (zoon = animal). Já o nécton inclui os seres com movimentos ativos, capazes de nadar e vencer as correntes, como os peixes e os mamíferos aquáticos. O bentos, por sua vez, é formado pelos seres que vivem no leito do mar, podendo ser fixos (sésseis), como as algas macroscópicas, as esponjas, as ostras, as cracas e as anêmonas, ou móveis, como as estrelas-do-mar, os caranguejos, os siris e os caramujos.

Rios, córregos, lagos, lagoas, pântanos e brejos formam o limnociclo ou biociclo das águas doces, que é o menor dos biociclos (0,017% da água do planeta) e possui menor salinidade e profundidade em relação ao mar. Entretanto, a contaminação da água doce é um dos mais sérios problemas ecológicos causados pelo ser humano. Os rios estão sendo poluídos por lixo industrial, esgotos, agrotóxicos e resíduos de mineração, o que condena à morte diversos seres e compromete as já escassas reservas de água potável.